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Maria não vai com as outras.

opiniões pessoais sobre tudo um pouco.

Maria não vai com as outras.

opiniões pessoais sobre tudo um pouco.

17
Jan19

O que está errado com “Tidying up With Marie Kondo”.

Patrícia Pereira

Ainda me sinto em modo silly season, embora o Natal e ano novo já tenham passado faz tempo. Mas o início do ano tem esse efeito em mim. Por isso dei por mim a ver o programa da Marie Kondo na Netflix, dado me parecer adequada para a época.

Em primeiro lugar fez-me sentir bem. Sim eu sou uma pessoa extremamente organizada, tenho caixas dentro de caixas com tudo organizado; forro caixas de sapatos para as transformar em caixas de arrumação; dobro meias e toda a roupa com cuidado. O que não vi foi qualquer tentativa de passar uma mensagem de consciencializar pessoas em relação a lidar objectos materiais, isto é ensinar a reparar, reutilizar. Fez-me imensa confusão ver no programa pessoas a olhar para roupa que não lhes dava alegria (“spark joy”, como diria a Marie), e colocar dentro de sacos para deitar ao lixo. E isso fez-me distanciar do conceito da Marie.

 

Fui ensinada a costurar o suficiente para fazer pequenas reparações. Na minha família peças de roupa circulam, de modo a que acabo muitas vezes com roupa em segunda mão de familiares e não me faz minimamente confusão. Algo que é para nos aborrecido e velho, pode ser novo e imaculado para outra pessoa. Não é normal para mim deitar roupa fora que pode ter uma segunda vida. Uma t-shirt velha dá para cortar e limpar o pó com ela. Lençóis velhos dão óptimos panos para limpar vidros. E há sempre a hipótese de fazer um saco e entregar a instituições de caridade da zona, ou directamente a famílias carenciadas que se possa conhecer dentro da nossa localidade. Outra coisa que não compreendo é o sentimentalismo de conservar coisas que não se usa. Quer seja de roupa, loiça, papeis. Ter coisas inúteis em casa isso faz-me confusão, coisas que possam estar a ocupar espaço que não uso é algo que me faz comichão no cérebro.

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Screen shot de um episodio.

 

Devemos ensinar não a acumular e deitar forma depois. Produzimos demasiado lixo e reciclamos pouco. Claro que somos intrinsecamente uma sociedade materialista, mas ter varias camisolas da Primark de cinco euros não traz felicidade, especialmente se ao fim de duas lavagens estão estragadas. E não vou dizer que não faço uma ou outra compra impulsiva, mas por norma namoro peças de roupa durante algum tempo para ter mesmo a certeza que quero e que vão servir uma função no meu guarda roupa.

 

Por isso os métodos da Marie fazem-me confusão, porque tudo parecia parar em sacos de lixo, salvo algumas excepções claro. Além do que acho que falta uma adenda ao programa: ver as casas das pessoas, passado algum tempo, continuando com os mesmos hábitos de compra.

13
Jan19

A banda sonora da Maria – IDLES.

Patrícia Pereira

Musica é algo que amo de paixão. Mas longe vão os tempos em que ouvia trinta álbuns diferentes por mês. Estando nós em dois mim e dezanove o meu subconsciente remete-me para esses tempos e diz-me para começar a ouvir coisas novas. No entanto desde que ouvi a primeira faixa de Joy as an Act of Resistance dos Idles, que não me apetece ouvir outra coisa.

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Desde a primeira audição que dei por mim a apregoar as letras. Odes contra o machismo toxico em Samaritans, ou a discriminação contra emigrantes em Danny Nedelko. Mas outra coisa que me agradou na banda é a postura da mesma, não só pelos ideais que estão presentes nas letras, mas também a opinião dos mesmos sobre coisas relevantes. Por isso deixo aqui uma frase de Joe Talbot , o vocalista da banda, numa entrevista para a Rolling Stone, “Progress in civilized society comes from celebrating differences and never from building walls, it’s about building bridges.”

Termino com Colossus, a primeira faixa do album.  Boas audições. 

 

 

11
Jan19

Medicina desfocada.

Patrícia Pereira

Spectacles_(PSF).png

Hoje vim de uma consulta no optometrista. Sim vejo mal. Costumo dizer que não vejo tudo quanto quero, mas sei que esse é o tipo de cegueira que toda a gente tem. A minha nasceu comigo, cresceu comigo e agora come da minha carteira.

Mas desta vez não vim apenas com a factura de uns óculos novos que encomendei. Depois de uma conversa longa com a optometrista, vim com raiva. Raiva que não posso apontar o nome. Raiva que apenas posso transformar em mágoa. Porque ela disse-me que o meu problema de visão poderia não estar tão agravado se tivesse sido operada aos dois anos de idade em vez dos treze. Poderia não ser parcialmente cega de um olho como sou se tivéssemos outro sistema nacional de saúde.

Sei que os meus pais não têm culpa. Durante anos arrastaram-me para consultas duas vezes por ano no oftalmologista. Medico que me dizia que tinha de ser operada em todas as consultas. Medico que me dizia que não poderia ser para já. Os anos foram passando e nada. Os meus pais acabaram por ter de pedir favores a conhecidos para dar uma palavrinha com o médico, que finalmente me operou. Os meus pais fizeram o que toda a gente fazia. A optometrista contou-me de pessoas que tiveram de dar dinheiro ao médico por fora para poder ser operados. Aparentemente aqui é o que toda a gente faz. A alternativa é sair daqui.

Por isso o interior fica pobre. Pobre de dinheiro, pobre de vista. As pessoas que poderiam fazer alguma coisa para mudar só vêm bem ao perto, ao litoral. E ficamos nos de mãos atadas e a ver mal.

A raiva ainda não se foi. E ao ler coisas como a história do senhor Peças, o médico da INEM, ao menos posso canaliza-la para alguém. Só tenho pena é das pessoas que foram directamente afectadas com isso. Eu vejo mal, há quem tenha perdido a vida. Logo ate posso considerar que não estou assim tão mal. Mesmo assim contínuo com raiva, porque sei que tenho de viver com isto, com este conhecimento que poderia ser diferente. Assim resta-me ir mudando as lentes e esperar por dias em que se veja melhor.

 

 

04
Jan19

Como começar dois mil e dezanove:

Patrícia Pereira

Reavivando a minha obsessão por Black Mirror claro!

Foi para mim uma escolha deliberada deixar para o dia 1 de Janeiro a visualização da mais recente instalação da serie, Bandersnatch. Sabia de antemão que iria em parte estar ligeiramente ressacada, o que por um lado me leva a nostalgia e momentos de reflecção, o que apenas poderia tornar a visualização do episódio ainda melhor.

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Passei horas na serie, estava determinada a apanhar todos os finais. O primeiro foi justamente o final da “Netflix”, algo extremamente bizarro a meu ver, no entanto dentro do expectável para o género em si. E apesar de não considerar o melhor da serie ate agora, (é impossível bater a meu ver os episódios geniais "White Christmas" ou mesmo o "Hang the DJ"), é impossível não considerar a experiencia que o episodio proporciona. Quando voltamos ao início e os finais se vão tornando ainda mais bizarros, leva-nos a pensar que reflectem em parte o nosso desejo de ver a personagem a entrar em auto destruição.

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É brilhante e por isso recomendo vivamente, mesmo para estômagos sensíveis.

 

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