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Maria não vai com as outras.

opiniões pessoais sobre tudo um pouco.

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27
Jul19

Pose, a serie – uma educação.

Patrícia Pereira

Tento educar-me sobre coisas que não conheço, realidades diferentes da minha. É um dos motivos pelos quais gosto de ver documentários, mas também series e filmes. E a serie Pose foi uma educação para mim. Sendo eu um cliché branco e hétero, a experiencia de uma mulher negra e trans num país tão racista como os EUA numa altura da crise da SIDA, é algo difícil de conseguir imaginar. Mas com a serie Pose não é preciso imaginar. Embora as personagens sejam ficção são um reflexo de um grupo de pessoas que de facto existiu, que viveu de uma forma marginalizada e que arranjou forma de celebrar a sua identidade e adquirir uma nova família, quando a própria os rejeitou.

 

Numa altura que há tantas series sobre o mesmo Pose distingue-se por isso. Fala de algo que não é mainstream, de pessoas cujos historiais não são contadas porque são minorias que sempre viveram à margem. Mas o brilhante é como a história toca em tantas coisas que são comuns a todos os seres humanos, independentemente da cor, género ou orientação sexual. Chorei e ri a ver esta serie. E acho que é daquelas que muita gente não está a ver, dado que o tema a primeira vista não cativa muita gente. Mas já anda pela Netflix. Fica aqui o trailer.

 

 

 

24
Jul19

Vicissitudes de trabalhar num call center.

Patrícia Pereira

Gostava de poder conseguir exprimir toda a minha frustração das últimas semanas em poucas palavras mas não consigo. Nem sequer vou tentar. Dei por mim a tentar analisar todas as más decisões da minha vida que me levaram a chegar a este trabalho com o qual me sustento e que no espaço de um mês passou de tolerável, para algo que me dá crises de ansiedade. E faço-o porque sinto-me presa num contrato de trabalho efectivo, numa altura da minha vida em que não estava sequer nos meus planos arranjar outro trabalho temporário: não só porque quero tentar arranjar algo mais motivador e dentro da minha área ao concluir o mestrado; também porque me aguentei a trabalhar num call center ate agora pensei que me tinha tornado já imune.

 

Ninguém vai parar a um call center em virtude de vocação. É uma questão de comodismo laboral, um trabalho com horários flexíveis que se adaptam a faculdade e outros part-times. É uma realidade que muitos dos meus colegas se revêm. Foi o meu caso, e dado que no início fazia algo diferente e minimamente interessante, dava apoio técnico, mesmo com os seus altos e baixos, deixei-me ficar. Na altura estava a concluir a licenciatura e faltavam duas cadeiras e foi uma questão querer adquirir independência financeira e compensar o atraso do final de curso aos meus pais. Quando conclui o curso e nada apareceu na área deram a possibilidade de fazer full time e lá me encostei. Os anos passaram e o contrato deixou de ser tão temporário. Quando decidi voltar a estudar deixaram-me voltar a part-time. Entretanto a empresa para a qual fazia suporte técnico rumou a outro cal center, há coisa de dois meses. Eu, juntamente com os meus colegas fui absorvida para uma campanha de telemarketing. E basicamente aí começou o meu martírio, o martírio do universo das vendas. Nem me quero alongar muito no porque, dado que é uma realidade difícil de explicar para quem está de fora e porque nada construtivo sairia disso.

 

O fruto da minha miséria tem sido gerir as minhas emoções no trabalho que estou a detestar fazer. Isso é gerir o facto de arranjar outro part-time agora que me desse as mesmas condições de trabalho seria impossível, especialmente assim de um dia para o outro. E o faco de estar a lidar com o stress da minha tese se ter arrastado para Setembro e sinto que isso deixou a minha vida no limbo. Sei que analisar tudo isto e tentar fazer sentido é provocar uma dor de cabeça em vão. No entanto é algo que me tem tirado o sono. Daí o desabafo. Acredito que não seja a única pessoa com trabalho que me deita abaixo. Acredito em dias melhores, porque eu já os tive, e porque ainda acredito que valha a pena lutar por eles.

 

Logo vou tentar manter a sanidade até Setembro. Depois logo se vê.

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