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Maria não vai com as outras.

opiniões pessoais sobre tudo um pouco.

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14
Jun19

A minha experiência com jejum intermitente.

Patrícia Pereira

Há dias estava a ver na Netflix a serie Resumindo, mais precisamente o episodio intitulado: “Porque falham as dietas”. E uma coisa que a meu ver falham e referir é o jejum intermitente, que de facto pode ser uma solução fácil de implementar, que cada vez mais se fala, mas que ainda não atingiu o mainstream como outra dieta. Antes demais dizer que eu não sou nutricionista, mas tenho formação em Bioquímica, logo quando comecei a ler sobre jejum intermitente muitas das coisas que falavam faziam sentido. Como funcionam as hormonas, como o nosso cormo armazena energia, como gasta energia.

 

Sempre fui uma pessoa para os padrões da sociedade “forte” mas com Índice de Massa Corporal (ou IMC), dentro de valores saudáveis, e apesar de olhar ao espelho e não gostar das coxas em tempos, sentia-me bem, com energia e sabia que tinha um peso saudável. Também nunca tive propriamente muita barriga, apenas quando estava com prisão de ventre, logo não havendo órgãos nas coxas sabia que aí a gordura não ia afectar propriamente a minha saúde. E desde os dezoito anos que o meu peso se manteve mais ou menos estável, variando as vezes dois kg para cima, dois para baixo, mas nunca mais do que isso. Hora em meados de 2017 resolvi voltar a estudar, meti-me num mestrado e ai o meu peso mudou um pouco. No primeiro semestre andava com horários meio loucos, quatro horas de aulas por dia, cinco horas de trabalho no meu parte time, mais duas a seis horas de trabalho por dia para a faculdade, dependendo dos dias e o resto das tarefas do dia-a-dia. Andava a mil a hora. Achei que deveria tomar pequeno-almoço novamente, coisa que me desabituara uma vez que antes trabalhava a tarde e noite e por norma a primeira refeição era o almoço, porque me levantava tarde e sentia-me bem. Isso mudou, porque com aulas as nove achei que deveria voltar a tomar pequeno-almoço, porque é aquela questão tradicional na nossa alimentação. Passado pouco tempo a minha fome ficou descontrolada. Fazia cinco ou seis snacks por dia, mais o almoço e jantar e estava sempre com fome. Apenas engordei dois kg, no entanto foi a fome constante que me fez perceber que havia algo que precisava de mudar. Isso e a minha indigestão constante, que era em parte motivada pelo stresse, mas que ficou fora de controlo. E quando há dores no estomago e intestinos e fome pelo meio é muito complicado gerir.

 

Comecei a fazer jejum intermitente no início do ano passado. O meu segundo semestre do primeiro ano de mestrado ficou muito simplificado. Passei a fazer três refeições, fazer o 16:8, isto é, jejum por 16 horas e comer num intervalo de 8 horas. A minha indigestão passou. As dores de estomago e intestinos passaram. Mas o melhor foi a fome constante passou. Sei que isso é devido a ter feito uma espécie de reset ao meu metabolismo. A primeira refeição voltou a ser o almoço e a ultima um lanche. Claro que poderão dizer que isto foi uma forma de restrição de calorias, mas não foi o caso. A diferença é que em vez de fazer mini snacks passei a fazer refeições maiores em menores períodos de tempo. Actualmente a maior parte dos dias faço duas refeições, almoço e jantar.

 

Claro, que os defensores tradicionais das três refeições por dia vão questionar isto. Já tive conversas sem sentido sobre alimentação, especialmente com uma colega de trabalho que está a fazer uma dieta bem restritiva em que corta com hidratos de carbono e come mini quantidades de comida. Em conversa percebi que o peso dela já oscilou em mais de vinte kg, para cima e para baixo, e que mal deixava de fazer a dieta o peso voltava. O meu peso voltou a estabilizar, perdi já quatro kg, e como hidratos de carbono e todos os grupos da pirâmide alimentar. Mas para mim o mais importante não é o peso mais os benefícios para a saúde. Para quem lê artigos científicos recomendo ir fazer umas leituras ao NCBI e vai poder ler sobre os efeitos positivos a reduzir danos nas células e tecidos associados ao envelhecimento e sedentarismo. Senão fica aqui um vídeo bem documentado sobre os efeitos positivos do jejum intermitente.

 

Para finalizar o livro que estou a ler do Daniel E. Lieberman fala muito sobre para o que é que nós estamos adaptados. E a alimentação é um ponto muito persistente ao longo do livro, a questão é que não estamos propriamente bem adaptados para excesso de comida, daí os problemas com obesidade que há actualmente. Estamos adaptados para ter períodos de fome, daí a capacidade do nosso corpo para armazenar energias e queimar as mesmas pela gliconeogénese, em períodos de jejum. Se estivemos sempre a comer não damos tempo ao nosso corpo para entrar em gliconeogénese, a não ser que se faça exercício muito intensivo ou dietas com restrição calórica, onde invariavelmente vai haver fome constante. No jejum intermitente não há fome constante. Tive um período de quatro dias de adaptação e agora não tenho fome nas 16 horas de jejum, mesmo a trabalhar ou fazer desporto.

 

E acho que é importante perceber que pode ser o caminho certo para muitas pessoas. Não só por simplificar o dia-a-dia, por exemplo de manhã ficar mais meia hora na cama em vez de sair mais cedo para ter tempo para o pequeno-almoço. Mas porque conjugado com uma alimentação saudável e variada e um pouco de desporto é simples e não é uma dieta, é um estilo de vida.

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