O valor da vida, pós covid-19.
Numa altura que termina o estado de emergência, sinto que vivi um infinito nestes últimos meses. A minha realidade é aquela de quem desempegada antes da pandemia, vivi confinada ao meu apartamento T2 desde o inico do ano. No início com uma sensação de revolta, quando a quarentena coletiva começou, já eu estava confinada ao meu espaço há alguns meses, e em estado de aceitação. No entanto não impediu a melancolia de se apoderar de mim, e os sentimentos coletivos de uma nação em luto. Em luto por um tempo pré quarentena, na qual as banalidades de um dia a dia pareciam não ter significado. E que agora na era pós covid, parecem aqueles pequenos momentos que douravam a nossa vida, ir ao café, falar com outras pessoas livremente, em espaços com outras pessoas. Serviu para perceber que de facto somos uma espécie coletiva, social, e que é das verdadeiras coisas que damos valor, mesmo que de forma as vezes inconsciente.
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Há outra coisa que quero notar, dado ter sentido a sua importancia nos últimos tempos. Esta ânsia de ser produtivo que existe na nossa sociedade é uma falacia. Não conheço ninguém que não diga que se tivesse mais tempo não faria isto ou aquilo. Eu achava que iria escrever mais, esta era a minha falacia. Escrevi menos. Não escrevi quase nada, nem no meu diário. E esta na altura de dizer que é normal. Há coisas mais importantes que continuar a ser produtivo, que é continuar mentalmente são.